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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Volteio
6-12 anos
Sáb: 10h
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Esta actividade realiza-se no picadeiro da polícia florestal e tem como principais objectivos proporcionar o primeiro contacto da criança com o cavalo, fornecer conhecimentos sobre a terminologia associada ao mesmo, permitindo igualmente a participação da criança nas operações de limpeza dárias a que o animal deve ser sujeito. Far-se-á também uma abordagem ao papel do guarda-florestal e às funções que desempenha na segurança e conservação do Parque Florestal de Monsanto.
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Informações Úteis: Marcação prévia

Parque Florestal de Monsanto

Endereço: Mata de Monsanto - Serra de Monsanto
Telefone: 218 170 200
Fax: 218 170 245/6
Internet: www.cm-lisboa.pt/pmonsanto
Acessos: Autocarro: 711, 723, 24, 729, 70 | Metro: Sete Rios
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A Casinha de Chocolate
9 Mai:15h, 17h30, 21h30; 1 Jun: 11h, 14h30
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O palco do Coliseu dos Recreios recebe a peça de teatro A Casinha de Chocolate, baseada no conto de Hansel e Gretel dos irmaõs Grimm. Um grupo de 20 patinadores conta a história de João e Maria, dois irmãos, que viviam junto à floresta negra, onde eles não podiam brincar, pois era um lugar misterioso e vivia lá uma bruxa. No entanto, um dia eles perdem-se na floresta e a bruxa para os enganar transforma a sua casa numa “casinha de chocolate”onde eles ficam presos e de tudo fazem para escapar à bruxa malvada. Um espectáculo de música, teatro, luz e movimento que proporciona momentos s espantosos transportando o público para um ambiente repleto de magia e fantasia.

Coliseu dos Recreios
Endereço: Rua das Portas de Sto. Antão, 94/98
1150-269 Lisboa

Telefone: 213 240 585
Fax: 213 420 434
Internet: www.coliseulisboa.com
E-Mail: bilheteira@coliseulisboa.com
Acessos: Autocarros: 1, 2, 9, 11, 21 | Metro: Rossio (Linha Verde)
Contos Contados Com Som
4-12 anos
5 a 8 Mai: 10h, 11h30
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No Instituto Franco Português, uma pequena “orquestra de altifalantes” disposta em torno do público proporciona uma envolvência e uma percepção única da música e das histórias. Contos Contados Com Som é uma proposta do Teatro Electroacústico que apresenta uma maneira inovadora e enriquecida de contar um conjunto de histórias de vários autores, que se transformam através da música e da sonorização que as acompanha. Um espectáculo onde os sons e a música estimulam o imaginário infantil completando o significado das palavras.

Intituto Franco Português
Endereço:
Avenida Luís Bívar, 91
1050-143 Lisboa

Telefone: 213 111 400
Internet: www.ifp-lisboa.com
O Quebra -Nozes
8 Mai: 21h
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A Companhia Nacional da Bailado (CNB) convidou a Escola Básica Integrada Vasco da Gama para conceber a recriação do bailado «O Quebra-Nozes». O espectáculo é apresentado dia 8 de Maio, às 21:00 horas, no Teatro Camões.
A iniciativa decorre no âmbito do Programa Educação/Aprender com a Dança, da CNB. As receitas das bilheteiras revertem a favor da instituição de solidariedade social Acreditar.

Informações Úteis: 3 Euros
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Teatro Camões
Endereço:
Parque das Nações, Passeio do Neptuno
1990-193 Lisboa

Telefone: 218 923 470
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79ª Feira do Livro de Lisboa
30 Abr a 17 Mai
Seg a Qui: 12h30-20h30
Sex: 12h30-23h
Sáb: 11h-23h
Dom, Fer (excepto se ocorrer na véspera de fim-de-semana): 11h-22h
Último fim-de-semana: 11h-24h

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O mais importante acontecimento em torno do livro em Lisboa chega este ano com algumas novidades. A começar pela proposta de um novo modelo dos expositores dos livreiros e editores, e passando pela nova data para o arranque do evento que este ano começa mais cedo, a 30 de Abril. O Brasil é o país convidado, estando previsto um conjunto de actividades culturais – colóquios, encontros, animações, etc. – consignadas à literatura do país irmão. O Parque Eduardo VII continua a ser o lugar de passagem obrigatório para quem gosta de ler.

PAVILHÃO DE TROCA DE LIVROS
Lisboa, Encruzilhada de Livros
Pavilhão de troca de livros.

18 Dias, 18 Frases
Até 17 Mai
A primeira frase do dia é sugerida pelos bookcrossers de Lisboa. Seguem-se 17 frases sugeridas por cada uma das 17 Bibliotecas Municipais.

Encontro Bookcrossing
2 Mai: 17h

O Bookcrossing e a Biblioteca Global - Do Fenómeno Cultural ao Fenómeno Social
Mesa-redonda
7 Mai: 18h30

2º Dia Internacional das Histórias de Vida: “Jornadas pela Justiça - Direitos Humanos e Imigração”
16 Mai: 16h30

Libertação Massiva de Livros
17 Mai: 18h

REDE MUNICIPAL DE BIBLIOTECAS DE LISBOA
Dá-me um Livro…Conto-te uma História
Hora do Conto.
1, 2, 3, 9, 10, 16, 17 Mai: 15h30

O Editor Precário Manifesta-se!
Apresentações de 15m de editoras independentes de BD e Ilustração.
1 Mai: 16h

Capas Ciber-Alternativas - 1ª Edição
Oito ilustradores criam uma capa empregando técnicas digitais.
9, 16 Mai: 16h

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Informações Úteis: 218 489 377 (APEL)

sábado, 25 de abril de 2009

Museu da Criança

Exposição: Sentidos e Emoções
Segredos para Desvendar !

Porque viver é envolvermos os nossos principais sentidos neste universo de infinitas sensações... VAMOS DESCOBRIR A MAGIA DOS NOSSOS SENTIDOS! Sendo 5 o número dos nossos sentidos, são mil e uma as sensações e emoções que podemos viver no mundo que nos rodeia. Descobri-los e desvendar os seus segredos e mistérios, compreender as suas possibilidades e abrir uma grande janela de luz clara e quente de sabedoria... Abrirmo-nos ao mundo... Observá-lo com atenção... Experimentar o que descobrimos... Exprimir o que sentimos... E a mensagem fundamental para nos envolvermos e compreendermos esta exposição onde vamos encontrar:
10 Momentos para viver a descoberta:
1 A Lupa Gigante e o Labirinto às cores
2 O Cérebro
3 O Zombie
4 O Olfacto
5 A Audição
6 A Descoberta do Sonho e da Imaginação
7 O Tacto
8 O Gabinete do cientista
9 O Paladar
10 A Visão


De 2ª a 6?ª feira – as 10h e as 14h para grupos (com marcação prévia)
Aos Fins de Semana e Feriados das 10h às 18h
Visitas guiadas: 11h e 15h

"Contra a escola armazém"
Daniel Sampaio

Merece toda a atenção a proposta de escola a tempo inteiro (das 7h30 às 19h30?), formulada pela Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap). Percebe-se o ponto de vista dos proponentes: como ambos os progenitores trabalham o dia inteiro, será melhor deixar as crianças na escola do que sozinhas em casa ou sem controlo na rua, porque a escola ainda é um território com relativa segurança.
Compreende-se também a dificuldade de muitos pais em assegurarem um transporte dos filhos a horas convenientes, sobretudo nas zonas urbanas: com o trânsito caótico e o patrão a pressionar para que não saiam cedo, será melhor trabalhar um pouco mais e ir buscar os filhos mais tarde.
Ao contrário do que parecia em declarações minhas mal transcritas no PÚBLICO de 7 de Fevereiro, eu não creio à partida que será muito mau para os alunos ficar tanto tempo na escola. Quando citei o filme Paranoid Park, de Gus von Sant, pretendia apenas chamar a atenção para tantas crianças que, na escola e em casa, não conseguem consolidar laços afectivos profundos com adultos, por falta de disponibilidade destes. É que não consigo conceber um desenvolvimento da personalidade sem um conjunto de identificações com figuras de referência, nos diversos territórios onde os mais novos se movem.
O meu argumento é outro: não estaremos a remediar à pressa um mal-estar civilizacional, pedindo aos professores (mais uma vez...) que substituam a família? Se os pais têm maus horários, não deveriam reivindicar melhores condições de trabalho, que passassem, por exemplo, pelo encurtamento da hora do almoço, de modo a poderem chegar mais cedo, a tempo de estar com os filhos? Não deveria ser esse um projecto de luta das associações de pais? Importa também reflectir sobre as funções da escola. Temos na cabeça um modelo escolar muito virado para a transmissão concreta de conhecimentos, mas a escola actual é uma segunda casa e os professores, na sua grande maioria, não fazem só a instrução dos alunos, são agentes decisivos para o seu bem-estar: perante a indisponibilidade de muitos pais e face a famílias sem coesão onde não é rara a doença mental, são os promotores (tantas vezes únicos!) das regras de relacionamento interpessoal e dos valores éticos fundamentais para a sobrevivência dos mais novos.
Perante o caos ou o vazio de muitas casas, os docentes, tantas vezes sem condições e submersos pela burocracia ministerial, acabam por conseguir guiar os estudantes na compreensão do mundo. A escola já não é, portanto, apenas um local onde se dá instrução, é um território crucial para a socialização e educação (no sentido amplo) dos nossos jovens. Daqui decorre que, como já se pediu muito à escola e aos professores, não se pode pedir mais: é tempo de reflectirmos sobre o que de facto lá se passa, em vez de ampliarmos as funções dos estabelecimentos de ensino, numa direcção desconhecida. Por isso entendo que a proposta de alargar o tempo passado na escola não está no caminho certo, porque arriscamos transformá-la num armazém de crianças, com os pais a pensar cada vez mais na sua vida profissional.
A nível da família, constato muitas vezes uma diminuição do prazer dos adultos no convívio com as crianças: vejo pais exaustos, desejosos de que os filhos se deitem depressa, ou pelo menos com esperança de que as diversas amas electrónicas os mantenham em sossego durante muito tempo. Também aqui se impõe uma reflexão sobre o significado actual da vida em família: para mim, ensinado pela Psicologia e Psiquiatria de que é fundamental a vinculação de uma criança a um adulto seguro e disponível, não faz sentido aceitar que esse desígnio possa alguma vez ser bem substituído por uma instituição como a escola, por melhor que ela seja. Gostaria, pois, que os pais se unissem para reivindicar mais tempo junto dos filhos depois do seu nascimento, que fizessem pressão nas autarquias para a organização de uma rede eficiente de transportes escolares, ou que sensibilizassem o mundo empresarial para horários com a necessária rentabilidade, mas mais compatíveis com a educação dos filhos e com a vida em família.
Aos professores, depois de um ano de grande desgaste emocional, conviria que não aceitassem mais esta "proletarização" do seu desempenho: é que passar filmes para os meninos depois de tantas aulas dadas - como foi sugerido pelos autores da proposta que agora comento - não parece muito gratificante e contribuirá, mais uma vez, para a sua sobrecarga e para a desresponsabilização dos pais.

in "Jornal Público"

“O MEU FILHO NÃO GOSTA DISTO”
Serviço de Pediatria do Hospital de São Marcos de Braga

Cada criança é um caso e a sua alimentação varia em função da saúde, idade, hábitos de família, etc. E, ao contrário do que muitas vezes se julga, comer muito não é o mesmo que comer bem - a qualidade está em primeiro lugar.


As crianças são inteligentes, espertas e facilmente dizem que não a algo novo, algo que desconhecem. Não conhecem, não sabem, têm receio!

O mesmo acontece com a alimentação, quando dizem que não a novos alimentos, sabores e texturas sem os terem experimentado, dando um não como resposta simplesmente porque lhes apeteceu ou porque o alimento não tem um aspecto apelativo ou não passa na televisão.

É muito importante que os pais não desanimem quando ouvem um não. Em vez de transformarem a situação em algo negativo, devem encará-la como um desafio e pensarem no quanto se sentirão realizados quando conseguirem levar a criança a experimentar. Sem pressas, sem forçar, com tempo e paciência e, muito importante, sem chantagens ou recompensas.

Cada criança é um caso e a sua alimentação varia em função da saúde, idade, hábitos de família, etc. E, ao contrário do que muitas vezes se julga, comer muito não é o mesmo que comer bem - a qualidade está em primeiro lugar.
Por isso, deve-se oferecer às crianças alimentos variados, com diferentes consistências e texturas, procurando assim despertar o paladar e a curiosidade em relação a comida.

Na hora da refeição é importante que o ambiente seja tranquilo, para se poder saborear com calma a comida, respeitando o ritmo de cada um.
E não se deve esquecer que o pequeno-almoço também é uma refeição, sendo tão importante como as refeições partilhadas com os mais novos.

Deve dar o exemplo ao seu filho, comendo o que quer que eles comam. De que adianta dizer a uma criança para comer sopa ou legumes se os pais, que lhes servem de modelo, não o fazem? O exemplo é o melhor incentivo para as crianças.

Tente fazer o prato do seu filho colorido e animado.

Em resumo, deixe que o seu filho experimente alimentos diversificados, ensine-o a experimentar, mostrando-lhe os benefícios daquilo que come, e deixe que descubra os diferentes paladares, não restringindo ao seu filho aquilo que os pais comem.

Permita que escolha o que prefere comer dentro do vasto leque de opções saudáveis que são oferecidas e não lhe incuta apenas os seus gostos ou preferências.

Ana Rita Ferreira, nutricionista
Henedina Antunes, pediatra doutorada em Pediatria na área da Nutrição

"Faltam regras na educação das crianças"
É possível educar sem gritar? O psicólogo espanhol Guillermo Ballenato garante que sim, e explica como.

Hoje em dia, os filhos estão a reclamar autoridade, garante Guillermo Ballenato que esteve em Portugal a lançar o seu livro "Educar sem Gritar". É preciso impor regras e limites às crianças, mas também ouvi-las e dar-lhes atenção. Conjugar firmeza e flexibilidade é a chave do sucesso na educação, mantendo a coerência e o respeito. E não basta boa intenção para ser bom pai. Para este psicólogo, as escolas de pais deviam ser obrigatórias. Afinal, se nos exigem carta de condução para guiar, porque não nos exigem um diploma para educar outro ser?

A primeira reacção de muitos pais quando olham para o título do seu livro é dizer que tal é impossível. Tem filhos? Nunca gritou com eles?
Sim, tenho duas filhas de 15 e 17 anos, e apliquei desde o princípio as técnicas e propostas que aparecem no livro. O meu testemunho é duplo neste caso, como pediatra e pai. É claro que já gritei algumas vezes com elas. Quando faço essa pergunta numa conferência, ou numa sala cheia de pais, todos levantam o braço dizendo que sim, e pressente-se um riso em fundo. Em algum momento, todos os pais perdem a cabeça, mas não é o mesmo perder a cabeça uma vez pontualmente e desculpar-se, e sistematicamente educar aos gritos. Há um provérbio que diz: "Se educas o teu cavalo aos gritos, não esperes que te obedeça quando simplesmente lhe falas." Só te obedecerá quando lhe gritares. Não se trata só da forma, mas também do conteúdo. Um trato negativo, humilhante, desvalorizante faz perder a auto-estima dos filhos e a autoridade dos pais, porque se perde o respeito. Os filhos devem ver nos pais um modelo de conduta, de respeito e de comunicação, e tenderão a imitar o que vêem em nós. Não podemos dizer aos berros a um filho "Já te disse que não grites!", porque com a nossa conduta estamos a dizer que os gritos são legítimos.

Em matéria de autoridade, passou-se de um extremo ao outro. Os pais eram autoritários e hoje são negociadores, os filhos discutem com eles de igual para igual. Estamos a ficar demasiado permissivos?
Sim, penso que agora se peca pela permissividade. Os filhos estão a reclamar autoridade, precisam de ser postos no seu lugar. Se tudo lhes é permitido, se nada lhes custa a conquistar, estamos a criar crianças inadaptadas. As crianças têm que ter regras, percebê-las e cumpri-las. Há vários estilos educativos, e acredito que nem o autoritário nem o permissivo ou liberal, nem tão pouco o paternalista ou sobreprotector, funcionam. Penso que o estilo democrático e dialogante é o que resulta melhor. Note-se que não existe uma relação de igualdade, os filhos não estão ao nível dos pais, mas há uma comunicação fluida entre as duas partes.

Estão a regressar algumas vozes conservadoras na forma de educar as crianças.
A questão é que existe uma confusão enorme acerca do que é a autoridade dos pais. A autoridade que reivindico é moral, fruto da competência, coerência e do sentido de justiça. Um pai injusto ou incoerente é um pai que perdeu a autoridade. A autoridade não vem por se castigar mais.

Os castigos são aceitáveis?
Sim, mas devem ser o último recurso. Devem ser aplicados pontualmente, com pré-aviso, e têm de ser razoáveis. Por outro lado, deve ser anunciado calmamente à criança - e não a quente -, e deve ser imediato após a conduta errada da criança. E o pior castigo é a ausência de atenção. Ser justo é tão difícil que a prudência aconselha a ser-se benévolo e suave nos castigos.

Qual é então o grau certo de autoridade e como exercê-la correctamente?
Um pai que tem competência para educar, que é autoconfiante, que é um pai feliz, um exemplo e modelo de carisma que apeteça seguir, conquista uma autoridade moral enorme. Nos primeiros anos de vida, as crianças devem ter normas muito claras e fixas. Se, um dia, um pai recusa uma coisa para no dia seguinte a permitir, rapidamente terá um problema, as crianças detectam todas as incoerências. É essencial ser-se sistemático, e isso é válido ontem, hoje e amanhã. Deve dizer-se que as crianças não podem dormir na cama dos pais, e não abrir excepções. Quem permite excepções uma, duas, três vezes, perde a mão e vive numa discussão constante. A arbitrariedade é o pior inimigo da educação.

Mas ao descrever um bom pai parece estar a falar de um líder político ou de um gerente de empresa. Não se exige hoje demasiado dos pais?
Sim, sei que é muito difícil. Mas essa é uma boa comparação: o que faz hoje um líder numa organização? Cuida e confia nos seus funcionários. O que deve fazer um pai? Também cuidar e confiar nas capacidades dos seus filhos. Deve estar com eles, dedicar-lhes tempo, o mesmo que deve fazer um bom chefe. É evidente que não há máquinas perfeitas de educar, mas modelos e regras a seguir.

Quando os casais decidem ter filhos estão conscientes da enorme dificuldade que é educar uma criança? Têm formação suficiente para serem bons pais?
Não. Não conhecem princípios psicológicos muito básicos, por exemplo não sabem como se explica a conduta humana. Penso que as escolas de pais são fundamentais para dar essas bases. O que quis fazer neste livro é um manual sensato e simples com regras básicas a seguir.

Cita no livro uma frase que diz que os pais chegam a estar tão convencidos que os educadores e os psicólogos sabem o que é melhor para as crianças, que se esquecem de que eles são os verdadeiros especialistas nos seus filhos. Acabam por educar por livros e revistas e não com o seu bom senso ou razão. Isto não cria pais ansiosos e inseguros?
Sim, por isso repito que a escola de pais - nos centros, nas escolas - devia ser obrigatória. Temos de ter formação para guiar um carro, porque não devemos ter também para educar e formar outro ser? Devíamos ter um diploma para educar, e não o temos. Estas técnicas podem ser ensinadas e há fórmulas e alternativas para resolver alguns dos problemas com que os pais mais se debatem. Só com boas intenções não se pode educar. "Faltam regras na educação das crianças"

Como ajustar o grau certo de firmeza e flexibilidade no estilo educativo democrático e dialogante que defende?
A verdadeira chave está em ser suficientemente firme e claro nas regras, ponderando-as, e suficientemente flexível quando um momento o exigir. Se um filho adolescente deve regressar a casa à meia-noite, mas um dia há uma festa especial e todos os amigos vão voltar à uma da manhã, se para o filho isso for essencial para que esteja integrado e se sinta parte do grupo, pode permitir-se que chegue mais tarde.

Os pais hoje em dia fazem os trabalhos de casa com os filhos, estudam com eles, vigiam os seus deveres. Isto é bom ou mau?
Os pais devem relaxar e dar espaço aos filhos para aprenderem sozinhos - na escola, com os colegas e professores -, dando-lhes essa responsabilidade. Esse é o seu trabalho. Adoro a frase "Se queres ver uma criança com os pés na terra, coloca-lhe sobre os ombros uma responsabilidade". E não se devem julgar os filhos pelos seus resultados escolares, mas sim pelo seu esforço. Jamais olhei para a agenda das minhas filhas para ver que deveres têm para o dia seguinte. Nem nunca o farei. Elas sabem que estudar é o seu trabalho, que isso é a sua vida, e que têm essa responsabilidade. Explico-lhes como fazer, dou-lhes métodos e incentivo, mas não me substituo a elas na assunção de responsabilidade.

Quais são os maiores erros que os pais cometem na educação dos filhos?
Não dar importância aos primeiros anos de vida - dedicar-se aos três primeiros anos é um enorme investimento para o futuro. E também serem demasiado permissivos e brandos, não lhes impondo limites nem regras.

Está a aumentar a ansiedade e depressão entre as crianças?
Sim, sem dúvida que está a crescer. E aumenta sobretudo de maneira alarmante a intensidade deste tipo de crises. Encontro crianças que parecem adultos em miniatura. E são sobretudo meninos que têm uma jornada pesadíssima, que têm inglês, natação, ginástica, informática, andam numa correria o dia todo e não têm tempo para serem crianças e brincar. Uma educação muito competitiva causa stress e ansiedade. O pais devem preocupar-se, sim, com a felicidade dos seus filhos hoje, e não excessivamente com o que serão quando forem grandes. Todos querem filhos bem sucedidos profissionalmente, mas isso só acontece se forem crianças felizes e não sobrecarregadas.

Qual a importância dos reforços e recompensas na educação e como administrá-los correctamente?
A recompensa é muito importante, deve ser esporádica e pública. O melhor prémio é o reconhecimento e o elogio. Mas a recompensa não deve ser excessiva. Por exemplo, eu jamais dei um presente às minhas filhas pelos seus êxitos na escola, isso é o seu trabalho e o seu dever. O contrário descamba facilmente numa situação em que as crianças dizem: "Se não há prémio, não o faço."

Fala em aproveitar o poder das nossas expectativas sobre os nossos filhos. Dar-lhes autoconfiança elogiando e elevando-lhes as metas.
Há duas ideias-chave na educação. Uma é a atenção - esta é a grande maravilha à disposição de todos os pais, é fácil e grátis. É o maior prémio, e o pior castigo é a retirada de atenção. A outra é convicção. A sua expectativa e crença nos filhos origina uma realidade. Se um pai diz a um filho "sei que o vais fazer bem", as hipóteses de isso acontecer são maiores do que se disser "não sei se consegues". Estimular a autoconfiança nas crianças é uma ferramenta poderosíssima. É quase como uma profecia autocumprida. Se se pegar num recém-nascido e se quiser fazer dele um delinquente, é fácil. Os bebés são uma página em branco. Podemos fazer deles quase tudo o que quisermos.

Mas que lugar cabe ao material genético de cada criança, o seu próprio feitio? A personalidade não é só resultado da educação... há filhos educados da mesma maneira que são totalmente diferentes.
Sim, a ideia de página em branco é metafórica. Mas, se tivesse de apontar um número, diria que 80% vem da educação e 20% da genética. Numa família com três filhos, por exemplo, é surpreendente o impacto da ordem de nascimento nas suas personalidades. Estatisticamente, é significativo que o filho mais velho tende a ser mais responsável, com alta resistência à frustração, com repetição do papel materno e paterno; o filho do meio tende a ser o rebelde, o criativo; o filho mais novo divertido, gracioso, conciliador, mas mimado e com baixa resistência à frustração. Uma educação eficaz não é igual para todos os filhos. Deve ser adaptada ao feitio de cada criança.

Guillermo Ballenato é psicólogo, docente e escritor, especialista em Psicologia Educativa, Psicologia Clínica, Industrial e de Formação. O seu último livro, "Educar sem Gritar", um best seller em Espanha, acabou de ser lançado em Portugal pela A Oficina dos Livros. Escreveu-o na qualidade de psicólogo e pai de duas adolescentes. Guillermo trabalha na Universidade Carlos III de Madrid, no Programa de Aperfeiçoamento Pessoal e Assessorias Técnicas de Estudo do Gabinete Psicopedagógico. Na psicoterapia, é especializado nas áreas da depressão, ansiedade, obsessões, dificuldades de aprendizagem, comunicação e relação.

Texto publicado na edição do Expresso de 10 de Abril de 2009